quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Um dia, desligarei por completo.

Por momentos desliguei. De ti, de tudo. Esqueci quem era, de onde era e como era, como sou.
Quis esquecer tudo o que me envolvia todas as noites, todos os dias. Tu.
Sentei me na janela, uma manta cobria o meu corpo, que de tão frio parecia pálido. A lua estava linda, como sempre esteve. A sua luz inundava o meu quarto, que parecia enfeitado por mil velas.
Olhei o jardim da frente, dele só podia esperar o roçar da folhagem no ponto mais alto de cada árvore, o barulho dos pássaros enroscados nos seus ninhos, nada mais. Naqueles momentos tudo me ocorria, a minha vida, a das pessoas que conheço, das que nem sequer o seu nome alguma vez escutei. Naquela noite fria, lembrei-me de ti, como sempre.

3 comentários:

  1. são sempre mais reconhecidos os cantores, os actores, os bailarinos...mas todas as pessoas deveriam ler pelo menos um dos teus textos...são muito bonitos mesmo...parabens

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  2. Como sempre, nas palavras que escreves, há um caminho para casa que se demora. Há uma invasão de imagens que multiplicas até ‘a profundidade da nossa consciência. Há sempre um lugar cósmico, uma eternidade de desejos, uma pulsação de ternura, de saudade, de entrega e de deslumbramento.
    E assim, te divulgas, entre o vapor da noite, entre os teus dedos que tremem arrefecidos nos quartos da tua solidão. Permaneces entre o túnel dos teus pensamentos e a absoluta matéria do universo. Permaneces sempre naquele lugar misterioso onde o amor se aconchega no peito das páginas que dividem a tua vida. As tuas mãos são pedras que mergulham no oceano da nossa fantasia. Agora a lua não te deixa temer os sussurros da alma. Escavas as memórias do tempo e tens frio na imensidão dos teus lábios.

    Eh por isso que não fazes grandes perguntas na quietude dos teus sonhos. Apenas te escondes nas palavras gravitando quebradas, nos sentimentos moendo as nervuras do teu corpo, no lume que vai circulando pela tua substância inseparável e sem fim.
    E, como um grande e transparente pássaro, atravessamos as paredes do teu coração. Levitamos na tua luz até que abras alguma porta e as estrelas amadureçam nas tuas mãos. Percorremos as linhas dos teus sentidos e deslizamos pelas curvas do teu rosto.
    Demoramos sete horas ou sete luas mas, como sempre, voltamos ao centro da tua alma para contemplarmos a saliva das tuas resplandecentes palavras. Para que nunca nos abandones e a noite permaneça fria e longínqua.

    IvO Ribeiro

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