segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Um dia, quase que senti o teu cheiro.

Só queria voltar, voltar á noite em que quase te tive por perto, quase te toquei e quase senti o teu cheiro. Queria voltar a ver-te de novo, ali, sentado, olhando em redor.
Suspirei.
O que poderia ser mais delicioso e viciante do que ver te desse jeito?
Não resisti.
Sentei-me a teu lado, tentei seguir com os meus o que os teus olhos negros tanto apreciavam.
Era ela.
Vi como olhavas para ela (incansavelmente), Senti um aperto no meu coração (inigualável).
Sorriste.
Como poderia eu estar apaixonada por alguém, que nem sequer a minha presença notava?
Ela desapareceu.
O meu mundo tornara-se cinzento, triste e sombrio.
Tinhas deixado de sorrir.
Gritei o teu nome, nem a minha voz esganiçada fez com que os teus olhos se movessem na minha direcção.
Tentei controlar-me.
As lágrimas não paravam, entre soluços dizia-te que te queria e te amava, que estaria sempre ali.
Parei.
No momento em que ia embora, disseste o meu nome, pela primeira vez disseste-o, com todas as letras.
Arrepiei-me.
Olhei para trás, vi-te chorar. Dizias que sempre me amaste e que sempre me quiseste. Disseste que o que fazia o teu mundo parar era eu.
Chorei, desta vez de emoção.
Trocámos juras de amor sob a luz daquela lua que parecia um candelabro, concebido para nós dois.
Voltaste a sorrir.
A minha cara ainda húmida das lágrimas inundou se numa felicidade extrema.
Deitámo-nos.
Diante da lua, deitados naquela relva macia que mais parecia feita de algodão. Estava completa e feliz.
Adormeci sorrindo.
A luz do sol acordou-me de rompante, fazendo com que uma lágrima se soltasse. Depois dessa muitas mais.
Desapareceste.
Olhei em redor, nada era nítido, não conseguia sequer focar para te ver melhor.
Franzi me.
Devagar tudo se foi tornando claro, um cheiro a hospital surgiu no meu nariz. Á minha volta estavam máquinas que pareciam fazer musica com o bater do meu coração.
E ali estava eu, naquela cama, naqueles lençóis e com aquele cheiro de sempre.
A agitação á minha volta fazia com que me sentisse activa, ou não.
Respirei fundo.
E por fim senti uma paz nunca antes alcançável, uma paz difícil até de explicar mas que sabia muito bem.
Alguém suspirou e disse:
“ Descansa em paz, Cinderela”.
Isto tudo na noite em que quase te tive por perto, quase te toquei e quase senti o teu cheiro.




Dedicado a todas as Cinderelas, de todo o mundo que procuram o seu príncipe...em sonhos.

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