domingo, 3 de outubro de 2010

Somos assim, próximos.


Somos próximos, irremediavelmente próximos. Tão próximos que posso ficar dias e meses sem te ver, e no entanto sentir que nunca tenhas saído do meu lado, que eu nunca tenha saído do teu colo como naquele dia de praia.
Fazia frio, mesmo assim insististe em ir á praia, à “nossa” praia. Arranjei mil e uma desculpas para não sair de casa, mesmo assim apareces-te às quatro e meia da tarde à minha porta.
Sentámo-nos naquela areia fria e desconfortável.
Era o dia mais frio daquele inverno rigoroso, ninguém no seu perfeito juízo sairia de casa, só nós. Estávamos onde supostamente não devíamos.
Os meus dentes estremeciam com o vento, quase congelavam. Tu, sempre hirto. Aquele frio parecia não te incomodar, nem de longe nem de perto.
Passámos ali largas horas a conversar de ti, de mim e de tudo o que nos unia. De repente o vento acalmou, o mar ficou tranquilo como quando gritamos a crianças agitadas, e estas ficam a olhar para nós em silencio á espera de algum sermão.
Uma gota transparente e fria caiu sobre a tua face, a tua esplendorosa face.
Começou a chover.
Fugimos dali. Levaste-me para debaixo de uma gruta. O espaço era tão reduzido que me envolveste em ti de tal forma que fiquei no teu colo. Os nossos corpos pareciam um só, nunca aquele lugar tinha sido ocupado com tanta ternura, tanto carinho.
Os teus braços mornos puxavam-me para ti, cada vez com mais força. Nunca eu desejei tanto ficar assim contigo, ouvindo a música do bater da chuva na água do mar, vendo as gaivotas procurando um lugar seguro para descansarem.
Falaste na tua partida.
Toda aquela felicidade se tornou incómoda, e absurda. Irias embora.
Disseste:” Nunca te esquecerei”
Aproximei-me então. Comecei a sentir a tua respiração, cada vez mais ofegante perto da minha boca, cada vez mais perto.
Beijei-te e num suspiro disse: “Amo-te”

Irremediavelmente próximos (..)

2 comentários:

  1. Patrícia, não pude ver o texto, voltarei com tempo, porém, ao ver a localidade em sem perfil, diante de sua irreverência não pude cilenciar. "Terra do Nunca". Incrível. Parabéns, menina!

    Abraço do Jefhcardoso

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  2. silenciar, digo

    não repare, nem sei como saiu isso, mas que fique...

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